No velho casarão, da rua do Campo hoje, seria dia de festa. Nesse dia, como sempre, ele acordava às 4:00 horas da madrugada , cumpria o seu ritual que incluía ralar o seu guaraná, bebê-lo , sentar-se à sua velha Remington e escrever até clarear o dia. Seguidamente, debruçava-se no peitoral da janela a espera dos amigos para a prosa... e, eram muitos. Depois saía em visita às livrarias.

Em todos 27 de julho, depois que se casou, e, foi nesse mesmo dia, em 1954, que a celebração de seus aniversários, de nascimento e casamento era sagrada. Papai gostava de seu aniversário e a mamãe, e o pessoal da casa, sabia comandar o espetáculo. Em nosso lar era uma movimentação. São palavras do imortal Octayde Jorge da Silva , nosso vizinho, e assíduo frequentador de suas festas natalícias. Diz ele: “....As providências iam alto. De descendência árabe, a confeitaria era Síria...ainda que o Rubens disso fizesse zombaria, por causa da “Guerra dos 6 dias” (ele provocava a mamãe dizendo que não comia iguarias árabes, porque dava covardia). A briga era com o Nácere, seu cunhado, que, também, já se foi! ...Contudo brincadeiras à parte... o quibe era delicioso...e o uísque rolava farto. O Rubens gostava de seu próprio aniversário. E gostava ele de receber presentes. Mas, fingia que não ligava. Nem os abria. Chamava a Adélia e mandava pôr no guarda roupa. Era mais a Adélia... quem agradecia. Pois o Rubens não aceitava interromper prosa, para gastar tempo com os muitos obrigados! E o que Adélia dizia, ninguém contestava. Sempre mandava; o que dizia, acabava virando norma!...

Nesse dia não tinha janela. Desde cedo, metido num terno...piteira nos dedos, visitava as livrarias... onde deixara os livros comprados...com muita antecedência. Os livros que queria ganhar!... Então chegava à casa, carregando-os como presentes...que havia recebido desde cedo! Conversa ...é que D. Ivone já “de há muito estrilara”, uma vez que eles já andavam – os livros – por dentro e em cima dos armários e dos consoles...pois nas prateleiras das bibliotecas?...lugar não havia!

A festa...se fazia em dois turnos. O Cel. Carvalho, o Ubaldo e o Desembargador Ernesto Pereira Borges, e alguns parentes, geralmente, iam de dia. Mas, era à noite que o Rubens fazia a roda numa cadeira de balanço e convivas ao lado. A cadeira mais confortável era dele. Direito e privilégio, dos quais não abdicava.

Na verdade nesse dia era uma romaria em nossa casa. Era um entre e saí frenético de amigos para abraça-lo . A sua musa inspiradora, a mamãe, era uma mulher forte e de opinião, porém muito compreensiva. Ele, o papai, sabia, no dia a dia, conquista-la. Como? Lançando mão do seu lado poético, evidentemente.

E, em, 27/07/1979, quando eles comemoraram as suas Bodas de Prata, casaram-me. Aqui, faço questão de transcrever um telegrama que, guardo com muito carinho, enviado pelo nosso saudoso amigo Corsíndio Monteiro da Silva, que também, pertenceu a esta Academia. Diz o texto: Seu lar hoje está em festas e me regozijo com isso porque sempre o estimei.

"Parabéns ao casal pelas bodas de prata e a Adélia Maria e Miguel Luiz pelo casamento. Que todos sejam ou continuem a ser muito felizes. Particularmente a você afetuoso abraço pelo aniversário. Se não é festa do Senhor Divino já constitui, mesmo assim, dose para leão”.

E, 27/07,realmente, é um dia marcante em nossas vidas. Para a sua musa inspiradora, a mamãe, não faltaria a sua declaração de amor. E eis a poesia para as Bodas

 “Dia 27”
 25 anos faz
 Do dia de nosso casamento...
 E te amo como sempre
 Desde o primeiro momento!
 
 Dos beijos que tu me destes
 No nosso longo noivado,
 São os mesmos que recebo
 Agora sendo casado.
 
 Deus te dê tudo de bom
 Em nosso longo caminho,
 Somos sempre os mesmos noivos
 Cheios de amor e carinho...
 
 Se dormes, hoje, ao meu lado,
 Nós ambos cheios de amor...
 Os beijos que tu me dás
 Tem ainda o mesmo ardor!...
 
 Somos felizes, estou certo,
 Posso dizer-te querida
 Que sou teu e tu és minha
 Neste dia extraordinário
 Foste o maior presente
 Que ganhei de aniversário!


 E... assim viveram, apaixonadamente.
 
 Mas, diria o poeta - na vida nem tudo são flores... E, num 03 de abril de 1983, ele se foi...!
 
Estas belas palavras que, aqui trago, são do nosso poeta maior Silva Freire em seu artigo

 

Rubens: VIDA E DOCUMENTO DA CUIABANIA

“Ecoou (dentro da Ressureição, Domingo, 3 de abril, à 1:00 hora), nas franjas ferruginosas do oratório da Serra de Chapada dos Guimarães, como clarinadas em síncope de dor, de paz e de glória a despedida urgente do amante das letras e da vida – Rubens de Mendonça ..................................................................
Eu sei nós sabemos, Rubens você vinha roendo as catorze (ou quinze?) estações da Via Crucis em um silêncio só de ir-se devagarinho...
Comportou-se em linha de poema, ó nobre habitante do nobre espírito que nos sabia repartir! Nós o sentimos...Sempre o sentimos...Pois ainda agora mesmo, “Dom Por do Sol se fez em “casamento da raposa” (Estórias que o povo conta), molhando a tarde para o último percurso do “Roteiro Histórico e Sentimental de Cuiabá”– O “Garimpo da Ilusão” partiu, assim, na revisitação das Ruas de Cuiabá”, caligrafando informações para a nova edição da Bibliografia Mato-Grossense”. Ao passarmos pela Avenida Presidente Vargas, na antiga Assembleia, ouviu, ainda, do plenário augusto aplausos à edição da “História do Poder Legislativo Mato-Grossense”. No Ministério da Fazenda, era silencio em funeral ao servidor capaz, em percurso de passagem. No antigo Inter, novos e velhos boêmios se curvaram em reverência ao poeta passageiro do infinito... Nas emissoras da cidade, locutores davam compassadamente as horas: “Na terra de Rubens de Mendonça, poeta, jornalista, historiador e boêmio, são 15 Horas e 35 minutos”. Exatamente nessa hora Rubens, seu corpo de beleza frágil passava pela pracinha da Boa Morte, rumando ao resumo da paz dos justos!”
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Ficamos todos em travo amargo de luto; todos nós perguntando, em nome de Mato-Grosso- E se não fosse Você!? Como vai ser , agora, sem você Rubens de Mendonça?! À Uniselva cumpre, doravante, a sistematização historiográfica do novo tempo mato-grossense; um tempo depois do Rubens”. Entretanto, hoje, sabemos que, há várias instituições de ensino superior e entidades literárias engajadas nessa tarefa que, sobretudo, resgata e zela pelos nossos valores e, que, certamente, farão a diferença e terão, igualmente os seus nomes reverenciados não só como estudiosos, mas, como protagonistas da nossa cultura. É o ciclo natural da vida.
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Pois é, como são as coisas, está vendo Rubens? Você se engrandecendo mais e mais, ao nos deixar e Cuiabá pequenecendo em seu adeus.”

 

Senhores membros do INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE MATO GROSSO; SENHORES ACADÊMICOS, demais parceiros, Governo Estado de Mato Grosso/Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer; Universidade Estadual de Mato Grosso; Universidade Federal de Mato Grosso, nossos amigos, minha família qual seria a palavra de agradecimento, suficientemente, adequada para exprimir a minha gratidão por todo o apoio recebido de todos vocês neste “ANO CENTENÁRIO DE RUBENS DE MENDONÇA”?

Diz o filósofo: “A gratidão é a memória do coração.“

Creiam-me, no meu coração está gravado tudo de bom que vivi, nesta nossa caminhada! Hoje, celebramos os “CEM NATAIS DE RUBENS DE MENDONÇA”.

O encerramento do Ano Centenário, fica postergado para até quando Deus permitir-me, com a colaboração dos amigos, zelar pela sua memória.

Para encerrar cito o pensamento de Castilho, que meu avô Estevão de Mendonça, trás no pórtico de suas Datas Mato-Grossenses:

“Outros fariam ou farão melhor, eu fiz o que pude.”

Minha sincera gratidão a todos vocês!

Muito Obrigada pelo prestígio que vocês imprimiram nas celebrações dos Cem Natais do papai.

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