Pitigrilli no seu livro: “MAMÍFEROS DE LUXO”, escrevendo a sua autobiografia disse: “Escrever a nossa autobiografia é mostrar ao público a nossa roupa de baixo. Fá-lo-ei, embora pense que este ato nunca é sincero, porque, para a ocasião, vestimos sempre roupa limpa”.

O nosso pensamento está de pleno acordo com o escritor italiano, assim, passo a narrar.

Meus pais foram: ESTEVÃO DE MENDONÇA e D. ETELVINA CALDAS DE MENDONÇA. Nasci às 20 horas do dia 27 de julho de 1915. Dia de São Pantaleão.

Nasci de 7 meses, embora houvesse nascido empelicado, era uma criança doentia. Tive catapora, sarampo.

Com sete anos de idade fui matriculado no Grupo Escolar Barão de Melgaço. Minha primeira professora foi Tereza Lobo de Queiróz, grande educadora. Depois fui para a Escola de minha madrinha D. Amélia Muniz, com ela aprendi as primeiras letras.

Sempre fui um mau aluno.

Aquilo que o Dr. Corsíndio Monteiro da Silva escreveu em “Bilhetes do Rio”, quando publiquei o meu livro “Antologia Borôro” é bem verdade: “Sua vocação a meu ver, devia ser a historiografia. ( E já pertence ao Instituto Histórico de Mato Grosso?). Seus conhecimentos de poesia brasileira e de alguns poetas peregrinos sedimentados, desde os verdes anos ( em que ainda mocinho - surgia ele de longe em longe, no colégio com um livro de poesia na mão e um revólver na cintura), sedimentados, dizíamos, por uma vontade extraordinária de ser boêmio romântico (pleonasmo?), de ser sozinho, de ser poeta- deram- lhe certa visão literária, que hoje define a sua personalidade”.

Papai não lia poesia, não gostava. Fazer história aprendi com ele, mas fazer versos aprendi com os meus amigos Desembargadores Otávio Cunha, Jose de Mesquita e Palmiro Pimenta. Eles toleravam os meus primeiros versos, os corrigiam e me animavam para continuar.

Eu havia publicado 5 livros quando entrei para a Academia Matogrossense de Letras. “Aspectos da Literatura Matogrossense”, 1938; “Garimpo do Meu Sonho”, 1939; “Álvares de Azevedo, o Romântico Satanista”, 1.941; “Poetas Borôros”, (antologia de poetas matogrossenses), 1942 e “Cascalhos da Ilusão”, 1.944.

Em 1.945, 17 de março, em sessão solene tomei posse da Cadeira n° 9, que tem como patrono Dom José Antônio dos Reis, 1º Bispo de Cuiabá. Eu fui candidato de Dom Aquino, José de Mesquita e Palmiro Pimenta, não fui eleito por unanimidade, como foram os demais candidatos, por papai não votar em mim. Ele votou em branco.

Na minha posse na Academia, o Desembargador José de mesquita abrindo a sessão, na qualidade de seu Presidente, proferiu as seguintes palavras: “É bem, portanto, Rubens de Mendonça, nas Múltiplas facetas ele sua formosa inteligência, em pleno desabrochar - poeta, ensaísta, jornalista e historiógrafo- um fruto opimo, que já surgiu, cresceu e amadureceu, haurindo a seiva e o vigor no húmus fecundo dessa cultura criada e desenvolvida à sombra destes paredões augustos da “Casa Barão de Melgaço”. E como me sinto bem ao evocar a circunstância duplamente expressiva para mim de ter tido Estêvão um guia experimento e amigo, ao dar os primeiros passos na carreira que abracei, e mais tarde, haver sido para Rubens, o sincero e dedicado orientador nos seus primeiros ensaios no terreno das letras e da poesia!”

Mesquita sempre foi meu amigo e por isso que, quando publiquei o meu livro “No Escafandro da Vida”, oferecei-lhe o modesto trabalho com a seguinte dedicatória: “A José de Mesquita, Mestre e Amigo, a quem muito devo o pouco que sou.”

Eu me sentia no dever de retribuir essa confiança que depositavam em mim, Dom Aquino, José de Mesquita, Otávio Cunha e Palmiro Pimenta e creio que não desmereci.

Publiquei ao todo 36 livros.

Casei-me no dia 27 de Julho de 1.954, na Igreja de Nossa Senhora da Boa Morte, com Ivone Badre de Mendonça. Eu tinha 39 anos de idade.

Desse enlace tivemos uma filha, Adélia Maria Badre de Mendonça, bacharela em Direito pela Universidade Federal de Mato Grosso, que contraiu matrimônio com o economista Miguel Luiz de Deus, também formado pela Universidade Federal de Mato Grosso.

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