Boa noite
Tenho nesta noite, uma incumbência que me enche de orgulho e responsabilidade. Imagina um pau-rodado falando de um dos maiores vultos da história- da cultura – da literatura - do jornalismo mato-grossense. Adélia Maria Badre Mendonça de deus, muito obrigado por escolher-me e confiar na minha fala sobre seu querido e amado pai, Rubens de Mendonça, cujas comemorações do centenário de seu nascimento começam nesta noite. A responsabilidade é grande, pois aqui estão familiares, amigos e admiradores de Rubens de Mendonça. Não posso falhar.
Minha tarefa é falar de Rubens de Mendonça - jornalista
Prá falar de Rubens de Mendonça é preciso saber quem foi, o que fez, o que produziu Rubens de Mendonça?
Rubens de Mendonça, nasceu em Cuiabá - Mato Grosso, no dia 27 de julho de 1915 – filho de Estevão de Mendonça e de Etelvina Caldas de Mendonça. Rubens de Mendonça nasceu de sete meses.
Seus estudos iniciais foram realizados junto ao grupo escolar “Barão de Melgaço”, tendo como primeira professora Tereza Lobo de Queiroz. Rubens de Mendonça, casou-se com Ivone Badre, no dia 27 de julho de 1954, com 39 anos, na igreja de nossa senhora da boa morte. Deste casamento nasceu a filha Adelia Maria Badre de Mendonça.
Rubens de Mendonça, morreu no dia 3 de abril de 1983, a uma hora da madrugada, de um domingo de páscoa.
Foi e é um dos expoentes da literatura e poesia moderna e expressivo nome da historiografia Mato-Grossense. Rubens de Mendonça nasceu e conviveu com a nata da intelectualidade cuiabana. Rubens de Mendonça foi membro efetivo do instituto histórico e geográfico de mato grosso, que lhe concedeu o título de “secretário perpétuo”, graças a sua bilhante e dedicada atuação naquela instituição cultural, também quase centenária. Foi membro efetivo da Academia Mato-Grossense de Letras, sendo o primeiro imortal a ocupar a cadeira número 9 (nove) cujo patrono é Dom José Antonio dos Reis. Cadeira que eu ocupo com muita honra.
Rubens de Mendonça publicou quase meia centena de títulos. São livros de poesias, contos, história, literatura e todos extraordinários. Mas como minha missão é falar do Rubens de Mendonça jornalista, citarei apenas aquelas onde nosso homenageado mostra todo seu talento, sua versatilidade como jornalista as quais recomendo a sua leitura: A História do Jornalismo em Mato Grosso(1963); O Humorismo na Política Mato-Grossense (1976); e Sátira na Política de Mato Grosso (1978). Nessas obras percebe-se o estilo próprio de Rubens e sua mente aberta, crítica, humorística e satírica. Para Rubens de Mendonça, o jornalista é pago para descobrir fatos e não para saber. Rubens de Mendonça, não permitia que suas informações fossem usadas para outro fim, que não o do interesse público, do cidadão. Embora não tendo feito curso de jornalismo, sabia e entendia a natureza, a função do bom jornalista. Mantinha sempre bom relacionamento com suas fontes. Um relacionamento ético por excelência. Deixava claro que o bom relacionamento não se tratava de uma relação de troca. Ele sempre verificava se a informação era confiável. Se a informação era relevante e de interesse do público leitor. Para ele, as informações tinham que ser qualificadas, independente da estatura moral e ética do informante ou fonte. Isso se aplica hoje no jornalismo moderno. Na coleta de informações e opiniões, procurava sempre as mais qualificadas autoridades, por entender, que no jornalismo é preciso ouvir, analisar, checar, pesar, contextualizar. Regra do jornalismo de hoje. Para Rubens de Mendonça, jornalista não é um mero repassador de declarações, informações. Rubens dizia, que “é preciso estar sempre atrás das boas histórias pra contar... jornalista tem que ser um bom contador de histórias. Rubens foi um bom contador de histórias. Ele tinha conhecimento em diversas áreas, porque lia muito. Segundo o amigo Pedro Rocha Jucá, Rubens acordava com um livro na mão. Lia... lia... e ensinava também. Para Pedro Rocha Jucá, Rubens de Mendonça é insubstituível.
“Sempre mantive com o saudoso jornalista Rubens de Mendonça, uma amizade franca e cordial. Como professor dos mais novos Rubens era um formidável mestre que não negava a oferta de bons conselhos aos alunos consulentes”, afirma o jornalista e procurador de justiça Dr. Evaldo de Barros. E continua Evaldo -“no escritório repleto de livros pelas paredes, sempre trajando pijama de calças compridas, entre uma piada e um ensinamento, Rubens de Mendonça empolgava a todos com a voz rouca que o vício do cigarro fumado pela piteira preta, originou.
No final de cada bate papo Rubens colocava no bolso do interlocutor uma quadra de sua autoria dizendo: “veja o que deixaram no seu bolso”. Geralmente era uma crítica endereçada a algum político ou personagem em evidencia na cidade. Como grande homenageado, Rubens de Mendonça, comparecia aos congressos de jornalistas e fazia a alegria de todos os participantes. O Dr. Evaldo de Barros – diz ainda: em Corumbá e em dourados participei dos encontros nos primeiros passos do JORNAMAT – sindicato dos jornalistas de mato grosso, que o Pedro Rocha Jucá criou.
Além das quadrinhas “esquecidas” no bolso das pessoas, Rubens de Mendonça afirma o Dr. Evaldo de Barros criou uma técnica magnífica para saber se a pessoa que contava um caso, estava mentindo ou falando a verdade. Ao final do depoimento Rubens perguntava ao depoente: “o senhor divino pode furar seu olho se você estiver mentindo?” Quando a pessoa mentia ou tinha dúvida daquilo que acabava de contar, ela logo retrucava: “eu não brinco com santo ou pelo menos foi isso que me contaram”, e a roda toda escancarava risadas. E finaliza o Dr. Evaldo de Barros: “Rubens de Mendonça é merecedor de todas as homenagens que sua única filha a Adélia está reivindicando para seu saudoso pai”.
E nesta missão de falar sobre Rubens de Mendonça, procurei outros jornalistas que conheceram o nosso homenageado. O competente Jê Fernandes, de tantos serviços prestados a imprensa de nossa terra, disse: “não posso dizer que fui amigo do escritor e jornalista Rubens de Mendonça, não só pela diferença de idade, mas, e, principalmente, porque eu frequentava um novo grupo de jornalistas que surgia em Cuiabá, e, ele já era considerado “um velho e bom jornalista e escritor respeitado na chamada cuiabania”.
Mas, convivi momentos com ele pela admiração que tinha pelas suas obras literárias. Aliás, prossegue Jê Fernandes – comecei a ler alguns livros dele, na biblioteca nacional, quando eu ainda estudava no rio de janeiro. Em estando já em Cuiabá, procurei me aproximar dos conhecidos escritores e jornalistas, entre eles, estava Rubens de Mendonça, que me contava rápidas histórias de Cuiabá, entre elas a sua convivência com o advogado, jornalista e poeta silva freire. Prestem atenção agora neste depoimento do Jê Fernandes.
“eu gostava de frequentar o bar internacional, ali no térreo do então INPS, na avenida Getúlio Vargas. Ali, numa outra mesa eu ficava escutando as conversas dos escritores, jornalistas, poetas e cronistas de Cuiabá, entre eles Rubens de Mendonça e Silva Freire, que mantinham uma amizade saudável, mas crítica. Silva Freire, para atazanar Rubens, dizia que os livros escritos por Rubens de Mendonça, eram quase cópias dos que escreveu seu pai, Estevão de Mendonça e Rubens em resposta dizia com sua voz rouca e forte, que “as poesias de Silva Freire, só ele mesmo entendia. Mas Rubens e Silva Freire eram bons amigos.
O meu amigo e jornalista Onofre Ribeiro também deu uma importante declaração sobre Rubens de Mendonça, diz Onofre: “Aportei em Cuiabá em 25 de agosto de 1976 e me surpreendi com a cidade pequena, aconchegante e simpática. Vi ruas estreitas e de quinas quebradas. No centro vi casarões e vi gente morando neles. Escutei pianos pelas janelas. Moças de famílias se prendando prum bom casamento. Quis conhecer a cidade e sua história. E continua Onofre Ribeiro: O jornalista Paulo Zaviaski, deu-me um exemplar do livro “Roteiro Histórico e Sentimental da Vila Real do Bom Jesus de Cuiabá”, escrito por Rubens de Mendonça. Procurei conhecê-lo. Me apresentei e ele me recebeu, muito simpático, com seu sorriso largo, com o eterno cigarro na mão. Na conversa, meio rouco com sua voz sempre grave, me disse: “ Veja você, lutei a vida inteira pra não comer capim, e o médico me disse que estou com irritação na garganta provocada por algum fio de capim que mastiguei.” E riu gostoso. Nos vimos muitas vezes. Mas o “capim” que irritou sua garganta acabou por matá-lo. Mas deixou a alma de Cuiabá registrada no seu roteiro sentimental e, em todos nós e pro futuro, o seu amor por aquela vila real que tanto amou.”
Jornalista deve estar atento aos detalhes e ter a literatura como base: O uso da literatura é a subjetividade do escritor e do jornalista. Rubens de Mendonça, com seu talento narrava os fatos, obedecendo aos princípios básicos da verdade factual, com ética e constante desenvolvimento do espírito crítico. Rubens de Mendonça tinha consciência do que fazia e dizia que o jornalista deve ser o fiscal do poder. O jornalista deve estar ciente do que será publicado e qual será o impacto do seu trabalho, da sua notícia na sociedade.
Outro amigo de Rubens de Mendonça, que com ele conviveu: Dr. Gabriel Novis Neves, me disse: “Carrara, pra eu falar do meu amigo, meu irmão Rubinho, ficaria o dia inteiro, noite inteira. O Rubinho foi mais que um irmão. Meu consultório era ao lado da casa dele e batíamos grandes papos. Quando ele –Rubinho - queria me contar alguma coisa, ele batia na parede do meu consultório - mas naquela época existia o telefone, mas ele preferia bater na parede como se fosse o código. Aí, eu saia pra fora do consultório e ele me colocava a par das notícias e fazia também muitas fofocas sobre os políticos e a política de nosso estado. Dizia: “Gabriel sabe da última? Rubens ensinava para todos nós. Era uma pessoa altamente preparada, iluminada. - conclui Gabriel Novis
Gabriel Novis Neves e Rubens de Mendonça eram tão amigos que certa vez ambos estavam em Brasília, e ... Deixa que o Rubens fala: “Estávamos num apartamento de hotel e o Dr. Gabriel Novis Neves, Secretário de Educação e Cultura do Estado de Mato Grosso, conversávamos sobre a história do nosso estado. O assunto era a luta de Ponce e dos Murtinhos. Citando Humberto de Campos, eu disse ao ilustre secretário: “O historiador não indaga se o governo foi bom, ou mau: quer saber, apenas, se houve fatos, para registrar e esclarecer. Quanto mais agitado é o governo, melhor para o historiador – história é tragédia”.
Então perguntou-me o Dr. Gabriel: por que você não escreve sobre essas revoluções de Mato Grosso?
Pensei e resolvi fazer este livro.
O livro é “História das Revoluções de Mato Grosso”.
Obrigado Dr. Gabriel Novis Neves pela colaboração.
O nome Rubens de Mendonça foi dado e com muita justiça a uma das mais importantes vias públicas de Cuiabá Avenida Historiador Rubens de Mendonça que demanda ao Centro Político Administrativo.
Para Rubens de Mendonça os jornais, as empresas jornalísticas podem estar em crise, ou até acabar, mas histórias nunca irão faltar. Histórias e jornalistas vivem juntos, não se separam.
E nesta busca de amigos que conviveram com Rubens de Mendonça, encontro um colega de academia. Meu estimado amigo, advogado, professor, reitor Benedito Pedro Dorileo, que assim se expressou sobre seu amigo Rubens de Mendonça:
- Quem tem o ensejo de reler “sermão dos peixes” do jornalista Rubens de Mendonça, pode encontrar página da série como esta de nº 84, publicada no Jornal Diário de Cuiabá, em 1978: “O cara era um salafrário de escol, andou publicando uns artigos em jornais. Até que não eram maus, escreve com certa graça. Veio e me perguntou: - quantas cadeiras existem vagas na Academia Ma-to-Grossense de Letras? Respondi-lhe: quatro.
-não há uma vaga para mim?
- tive que dizer: nós não temos cadeira elétrica!
Fato concreto, a narrativa assume o estilo da sátira: Ridendo castigat mores (rindo, castigo os costumes).
E prossegue o professor Benedito Pedro Dorileo: - jornalista, como burilador da palavra, era prosador, cronista e esteta. Possuía o humor com elegância. Não exercitou a trivialidade, porém a agudeza do espírito. As crônicas tiveram sempre a argúcia graciosa, a sutiliza, a finura dos traços da sua alma. Nunca lhe faltou originalidade.
O chiste do humor jamais resvalou no desprimor da graça pesada, da lacaiada. Não houve chulismo nas suas letras, tampouco lugares comuns, ou caçoada. Houve, sim, o “bon mot jeu d’esprit” – alusão crítica e acerba – tudo em bom tom. Possuía repente no debate jornalístico. Ou na elaboração de uma quadra, com a fertilidade da mente criativa, sem incidir o ridículo, pontua o professor Pedro Dorileo. Conforme o ambiente e a audiência promovia a descontração e de maneira polida fazia rir.
Culto e espirituoso. Rubens de Mendonça, prossegue Pedro Dorileo, na prosa ou na poética exercia o jornalismo para promover a crítica construtiva, exaltava o belo, ensejando a luminosidade, a elevação, a nobreza – conclui o amigo e confrade Benedito Pedro Dorileo, que teve uma saudável amizade com nosso homenageado.
Durante minha pesquisa sobre o nosso homenageado, consegui compreender que Rubens de Mendonça, não foi apenas um poeta, cronista, historiador e jornalista, posso afirmar com absoluta exatidão, que Rubens de Mendonça, foi um intelectual polivalente e versátil...
Outro grande amigo de Rubens de Mendonça, mora em campo grande: Francisco Leal de Queiroz. Falei com o leal de Queiroz, sobre o nosso homenageado e ele prontamente respondeu-se: “ah... Que coisa boa falar do Rubinho e do Rubinho jornalista. Pertencíamos a Academia Mato-Grossense de Letras e eu também era Deputado Estadual e morava no Grande Hotel. No final do dia, quase sempre, subia a Avenida Getúlio Vargas e ia me encontrar com o Rubens no Bar Internacional e lá falávamos de tudo: Política, literatura, religião, e sempre sobre Mato Grosso. O Rubens de Mendonça, era um excelente jornalista, era um observador por excelência. Nada passava sem uma observação do Rubinho.
Mas o Rubinho era madrugador. Levantava muito cedo e debruçava na janela de sua casa e ficava horas observando o silencio da rua que de vez enquanto era quebrado por jovens estudantes que voltavam de bailes, festas e das noites prolongadas e quando esses jovens passavam diante da casa do Rubinho, diziam: - “boa noite professor! E o Rubens respondia: - bom dia meninos!”. Leal de Queiroz era tão amigo de Rubens, que este ao publicar o livro “Ruas de Cuiabá”, dedicou-o a filha Adélia e aos amigos Luiz Philippe Pereira Leite, Corsindio Monteiro da Silva e Francisco Leal de Queiroz.
O jornalista que busca informações nas fontes certas, não comete erros e ganha a credibilidade da sua audiência. Maria Beatriz de Figueiredo Leite, é minha colega aqui na Academia e filha de Gervásio Leite, um dos maiores amigos de Rubens de Mendonça. E a Marília Beatriz quando solicitada para falar sobre Rubens de Mendonça, não titubeou e disse: “Papai e Rubens eram bons amigos, e, estavam sempre juntos. E eu conheci muito bem o Rubens.” E a Marília Beatriz, escreveu este texto sobre Rubens de Mendonça - jornalista:
“Homem que escreveu “Sermão dos Peixes,” deixou um legado imorredouro”. Rubens de Mendonça foi um comunicador de excelência, porque apreendia os fatos com suas minúcias, buscava o que havia de interessante na notícia e sabia o que poderia marca o leitor.
Sua linguagem articulada nos níveis de admiração que põe em jogo o amor e a diferença entre polêmica e discussão apresenta o que há de importante no social.
A comunicação em Rubens de Mendonça – prossegue Marília Beatriz – é qualitativa a ponta para as condições de razoabilidade de seus textos. Jornalista criterioso com uma escrita considerada simpática, posto que busca sempre a gratificação do desejável e abraça em seus escritos uma certa bem-aventurança com seu jeito simples e bem humorado de narrar os fatos, de tecer aconteceres, de contar “causos”. Por tudo isso ele suscita a sofisticação bordada na criteriosa beleza dos seus artigos com representações cuidadosas daquilo que apresenta. Suas cenas jornalísticas tem o condão de trazer para seus leitores aquilo que torna seu texto saboroso: o prazer da leitura.
A admiração, a razão e o prazer são traços que marcam o jornalismo de Rubens de Mendonça ou como disse meu pai, Gervásio Leite – afirma Marília Beatriz: “Rubinho é sem dúvida o mais interessante e empolgado dos comunicadores mato-grossenses.
A contribuição do jornalista Rubens de Mendonça apurou a comunicação impressa de nossa terra. Sua letra nos diversos jornais em que colaborou deixou marcas de excelência inesquecíveis- conclui Marília Beatriz de Figueiredo Leite, ocupante da cadeira nº 2 desta academia e filha do também imortal Gervásio Leite, amigo de Rubens de Mendonça.
Mas amigas e amigos, há o livro “Vida e Obra”, dele, Rubens de Mendonça, elaborado por docentes do departamento de letras da Universidade Federal de Mato Grosso, cujo lançamento ocorreu em 14 de outubro de 1982, onde está um depoimento de Rubens, dizendo: “Como me fiz jornalista”. Ouçamos o que ele diz: - O primeiro jornal em que colaborei se chamava “O estado de Mato Grosso”, órgão do Partido Liberal Mato-grossense, bisemanário, sendo seu diretor o Dr. João Ponce de Arruda, secretário, o advogado Nilo Póvoas e gerente, o advogado Rubens de Carvalho. O jornal tinha a sua redação e oficina na bifurcação das ruas Engenheiro Ricardo Franco, com a travessa 21 de abril, (beco torto), na casa onde hoje reside o sr. Lucio de Almeida. E prossegue o Rubens de Mendonça – nesse tempo eu tinha uma namorada que residia na rua do meio (Ricardo Franco) e para encontrá-la eu ia fazer ponto na redação do estado. O Dr. João Ponce e Rubens de Carvalho me ensinaram a fazer revisão e eu fazia até que a namorada aparecia.
Um dia, o Dr. João Ponce me pediu que escrevesse um artigo, não me lembro sobre o que. Fiz o artigo e ele o fez publicar. Eu fiquei importante.
Passados alguns meses houve o rompimento político dos Muller com o interventor Leônidas de Matos e eu escrevi um artigo contra o Dr. Leônidas. O Dr. João Ponce leu o artigo, me chamou e me deu o seguinte conselho: “Rubens, a gente não deve atacar tanto o adversário político do momento, que amanhã não se possa dizer algum bem a seu respeito, nem elogiar exageradamente o amigo de hoje, que amanhã não se possa ataca-lo.!!! Nunca mais me esqueci do conselho. Mais tarde colaborei com Afranio Correa e João Batista Martins de Melo no “Correio da Semana” e depois a convite de Corsíndio Monteiro da Silva, fui secretário de “A Batalha”. Mais tarde com Gervásio Leite e João Batista Martins de Melo, fundamos a revista “Pindorama”. No governo do Dr. Arnaldo Estevão de Figueiredo, dirigi o jornal “Social Democrata” órgão do Partido Social Democrático. Depois com Zeferino Pereira Borges e Félix de Almeida, fundamos o Partido Trabalhista Brasileiro. Em março de 1951, fundamos, Vlademir Dias Pino e eu o Jornal Literário “Sarã”. A convite de Arídio Marinho, então proprietário do Jornal “O Estado de Mato Grosso”, trabalhei como secretário desse diário dirigido pelo jornalista Pedro Rocha Jucá. Depois voltei a trabalhar no “Social Democrata”, durante o governo do Dr. João Ponce de Arruda. Depois passei para o “Correio da Imprensa” até que o jornal parou a sua circulação. E conclui, Rubens de Mendonça, - hoje, colaboro em “O Estado de Mato Grosso” e no Diário de Cuiabá,.
Este é o nosso Rubens de Mendonça, cujo centenário de nascimento comemora-se no dia 27 de julho de 2015. Comemoremos e celebremos um dos mais importantes homens da nossa cultura. Mas quero encerrar essa minha fala, como jornalista, registrar o que escreveu, o dicionarista, escritor e pesquisador da cultura popular, dos mais festejados, Luis da Câmara Cascudo, sobre o nosso homenageado. -“ O Sr. Rubens de Mendonça é dos que ficam na sua terra, amando-a em sua etnografia, poética. - já se espalha, insinuante, irresistível, delicioso, o poder deste amável cuiabano, como um perfume, uma vitamina, um cheiro de iguaria que não envelhece na predileção popular e rica da cidade.”
Obrigado e boa noite
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